O Anjo Enjaulado
“O ANJO ENJAULADO” é uma obra de ficção que trata de um suposto anjo que, por amor, escolhe tornar-se humano. E, como homem, vive com sua amada uma relação de intensa paixão irracional. Os episódios da relação passional são relatados com todo o conteúdo psicológico subjacente. Os capítulos são etapas do processo alquímico, pois tratam de emoções em transformação. O homem/anjo é um personagem contraditório, oscilando entre seu lado divino e humano, enquanto ela se mostra um ser complexo e de fronteira entre a lucidez e a loucura. Ambos são completamente apaixonados, viciados um no outro, mas incapazes de resolver a equação da relação de amor e desamor que lhes define, encurrala e faz sofrer. É uma história para ser devorada numa leitura única, pois expressa uma sucessão de eventos que tratam, com veracidade e vigor, das alegrias e agruras do coração e da vida.
Trecho da Obra “O Anjo Enjaulado”
Meu ser era da mesma natureza das pedras, não daquelas simplesmente escuras, maciças, uniformemente sem graça. Era daquelas que escondiam tesouros: gemas, turmalinas, opalas, turquesas, esmeraldas, diamantes, meios de irradiar luz de modo a deslumbrar os olhos. O que muitos não sabem é que, sem tais preciosidades, a vida flui sem grandes injeções de ânimo, porque são elas que tornam a nossa existência mágica. Assim, na montanha cheia de magia onde vivia, e que era fruto de meu pensamento criador, foi onde vi o ser terreno que me parecia o mais excelso e celestial dos seres. Sim, eu admirava a cascata e seu arroio, quando vi uma mulher que se banhava despida, linda, com água brilhante em seus cabelos. Tal visão fez meu coração pulsar dentro do meu peito, como se tivesse peito e coração, já que, como anjo que era, me faltavam sangue e carne. E mesmo sendo capaz, como anjo, de lançar jorros de amor, energia e luz de meu centro cardíaco, ao ver aquela mulher lindíssima, meus chakras passaram a girar sem prumo, transladando-se de seus centros. Assim, descentrado e esvaziado de meus parâmetros de eu mesmo, vi meu ser inundado por ela, a que se chamava Mara, como viria a saber.